Meti-me eu, a caminho do trabalho (sim, agora também já trabalho, este blog tem falta de actualizações). Fui a pé até ao primeiro autocarro que apanho e ele estava mesmo a chegar.
"Perfeito", pensei eu. À paragem para o segundo autocarro já não foi tão bom. Esperei durante 45minutos, consegui chegar a horas ao trabalho apesar de este ter avariado uma paragem antes da minha (funfact, os autocarros não andam com as portas abertas. O Miguel diz que em Sesimbra eles não andam de outra maneira, o que achei fascinante...), por isso lá andei mais um bocadinho a pé.
À saída, duas horas depois da minha hora de saída, apercebi-me de que se ficasse parada à espera do autocarro, congelava. Por isso pus-me a caminho, a passar paragens para fazer tempo e adiantar trabalho, até ver o autocarro passar no sentido oposto (significava que ele ia só dar a volta e já me apanhava), e quando isso aconteceu, esperei na próxima paragem, não fosse eu aventurar-me depois ter de correr.
Puxei então pelas minhas bolachas, visto que já era mais que hora de jantar, e ali estive, a ouvir Radio Moscow e a comer bolachas à espera do autocarro, até que fui atingida por uma laranja. "Foda-se, caralho!", disse eu baixinho, pensando que tinha sido cuspida uma pedra do carro que tinha acabado de passar, antes de trocar olhares com esta singela laranja que agora partilhava a paragem de autocarro comigo. Quando olhei para a frente, para ver de onde vinha, já estavam outras duas na minha direcção e 3 putos a rir-se do outro lado da estrada. "Três laranjas? Era o que me faltava!". Enquanto a quarta descia na minha direcção, agarrei nas que estavam no chão e abri fogo.
Ali estivemos nós, batalha campal no meio da estrada até se acabarem as laranjas do lado deles e começarem a correr, o que ainda me deu tempo pra acertar nas costas de um deles.
Depois disto pensei para mim "espero que o autocarro não demore, ainda vão buscar os sóces e ainda me lixo", mas nada de mais alarmante aconteceu...
...até entrar no autocarro.
A meio da viagem uma senhora que quase deixou passar a sua paragem, levantou-se bruscamente até ao botão de Stop, onde carregava incansavelmente enquanto gritava, "PÁRE, PÁRE!" para o motorista, que lhe obedeceu quase de imediato, fazendo com que a senhora fosse cuspida, com a travagem.
Ora evidentemente isto levou à discussão, que o senhor não tinha nada que parar daquela maneira e que ela não tinha reparado que era a próxima paragem. No meio da conversa, enquanto a porta esperava aberta para que a senhora descesse, o motorista perdeu a paciência e fechou a porta para prosseguir a marcha.
"Então e agora não me deixa descer?! Isto é rapto!", disse ela ainda mais exaltada. O motorista não podia querer saber menos, em dia de greve (foi o mesmo motorista que já hoje tinha ficado com o autocarro avariado e que andava a fazer viagens para trás e para a frente todo o dia), não se pode perder tempo com estas mariquices, imagino que fosse o que ele estava a pensar. Fez ele muito bem. A senhora desceu na paragem seguinte e seguiu a pé.
Posto isto, tive ainda de vir para casa a pé, Avenida da Liberdade acima, visto que o Metro cumpriu com a palavra e manteve-se encerrado durante todo o dia.
Isto foi o meu dia de anos.
E considero francamente que foi dos melhores de sempre!
Parabéns Kel!
ResponderEliminarobrigada T!
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